autor desconhecido
Cheirando a canha e fumaça
A cruza de dois sem raça
Nasceste no olho da rua
Perambulaste em sarjetas
Sem nunca mamar nas tetas
Da mãe que um dia foi tua.
Sofreste o frio e o abandono
Daqueles que não tem dono
E que jamais tiveram teto,
mas por trás deste focinho
No olhar imploras baixinho
Que aceitemos o teu afeto.
Pelo ralo, pulgas, sarna.
Por pouco não desencarnas,
Doente e louca de fome,
foste achada cachorrinha
Assustada, tão sozinha,
sem sequer possuir um nome!
Pedigree, doutor, vacina,
No amargor de tua sina,
levaste vida de bicho!
Quase sempre escorraçada,
só tinhas a madrugada,
Prá comer restos de lixo.
Dividiste...